sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Bom dia!O sítio de pintura rupestre do Brasil


Serra da Capivara, no Piauí, mostra que o homem pré-histórico realmente tinha muito bom gosto
Arte UOL

Ao caminhar pelas trilhas e passarelas do Parque Nacional da Serra da Capivara fica fácil imaginar os motivos que levaram o homem pré-histórico a escolher aquela região como lugar para morar. A exuberância natural é de encher os olhos: o dobramento da serra em eras geológicas passadas colocou de pé o que antes era o fundo do mar e de alguns rios. Os paredões expõem, como em uma imensa galeria, o desenho singular das rochas sedimentares, dos seixos, e os vestígios da deposição de materiais, através dos tempos, no fundo das águas.

Essa foi a paisagem que os primeiros habitantes da América encontraram quando, entre 60 a 100 mil anos atrás, chegaram por aquelas terras e lá encontraram um "paraíso". A região, na época de seus primeiros moradores, era um território de encontro de dois domínios vegetais: o da Floresta Amazônica e o da Mata Atlântica. Por conta disto, oferecia excelentes condições para a fixação dos grupos humanos uma vez que, além das cavernas encravadas na rocha que serviam de habitação, contava também com fauna e flora abundantes onde se conseguia o alimento e, nos rios, lagos e nascentes, a água, indispensável à sobrevivência.

BELEZAS DO PIAUÍ
Luiz Citton/UOL
Pintura que inspirou o logo do Parque Nacional
Divulgação
Cerâmica de inspiração rupestre produzida no Piauí
Luiz Citton/UOL
Passarela de acesso às pinturas rupestres
Luiz Citton/UOL
Vista do Parque Nacional da Serra da Capivara
JÁ OUVIU FALAR DA SERRA DA CAPIVARA? CONTE
FOTOS DO PARQUE NACIONAL
COMO CHEGAR

Cometerá o maior dos enganos aquele que disser que o homem pré-histórico não está mais lá. O legado deixado por esses habitantes nas rochas e no solo do Piauí mantém viva a chama desses nossos ancestrais. Vivem nas histórias da população local, nas pesquisas dos historiadores e, principalmente, no pensamento dos visitantes do parque que, ao se aproximarem de qualquer uma das mais de 35 mil pinturas rupestres espalhadas pelos sítios arqueológicos, não conseguem conter a emoção e deixar de se perguntar: "Como é possível milhares de anos da história do homem estarem bem aqui na minha frente?".

O ser humano tem uma capacidade imensa de surpreender outros de sua espécie com feitos e realizações, frutos de nossa capacidade de raciocinar, de pensar, com a música, a habilidade de contar histórias, e com a arte. No Parque Nacional da Serra da Capivara, Patrimônio Cultural da Humanidade, lembramos que somos um pequeno grão de areia nos desertos do tempo e que a raça humana já sabia como impressionar seus semelhantes muito antes do que nós imaginávamos.

Arte rupestre

Em 1991, o Parque Nacional da Serra da Capivara foi reconhecido pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade por abrigar o maior conjunto de arte rupestre do planeta e vestígios das populações que ocuparam a região sudeste do Piauí desde, pelo menos, 50 mil anos atrás. A reserva é administrada por um convênio entre o poder público e a Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), que tem como Diretora Presidente, desde a criação da fundação, a pesquisadora Dra. Niède Guidon.

As pinturas foram realizadas durante milênios, ilustrando a vida cotidiana, os cerimoniais e os animais - muito deles hoje inexistentes na região. O Sítio do Boqueirão da Pedra Furada é um autêntico museu a céu aberto e concentra o mais antigo e mais importante sítio arqueológico das Américas.

Cerâmica

Há cerca de 3.500 anos apareceram povos agricultores e ceramistas na área, que sepultavam os mortos em covas na terra ou urnas funerárias. Permaneceram ali até a chegada dos colonizadores, quando foram dizimados. A tradição de usar a terra para produzir a cerâmica, entretanto, permaneceu.

Dentro do parque funciona a Cerâmica Serra da Capivara. Criada pela Fumdham, a associação aprimorou as técnicas dos artesãos locais e criou a cerâmica de inspiração rupestre que se utiliza dos desenhos observados nas pedras para adornar as peças assim que saem dos fornos. A oficina emprega os moradores do entorno do parque e os produtos são comercializados em inúmeras capitais do país e do exterior (www.ceramicacapivara.com).

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