sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Bom dia! “O Relojoeiro”

 O Cue
  • Marco Sanchez
  • Marco Sanchez30 de dezembro de 2013 21:03
  • A instalação “O Relojoeiro” tem o objetivo de homenagear o senhor Antenor, meu pai, um sábio homem responsável por me influenciar profundamente em todos os âmbitos de minha vida. Presta uma homenagem, também, a todos os relojoeiros que por séculos exerceram e exercem a importante contribuição de nos auxiliar a dimensionar a inexorável decorrência ininterrupta de Chronos (Deus do Tempo, mitol. grega), representado em todo conceito da obra e mais objetivamente no ponteiro de segundos instalado na obra, nos levando a percepção do contínuo ir do tempo.
  • O tempo, como uma bomba com hora marcada pra encerrar nossa existência, é para muitos uma desesperadora contagem regressiva de envelhecimento até a morte e tem sido a constante derrota frustrada do ser humano em tentar aprisionar e congelar Chronos, presente na obra através de suas peças sucateadas e nitidamente deteriorada pelo decorrer dos anos que se passam tempo a tempo, “tic-tac”.
  • A arte, com seu “dom de iludir”, atrai seus admiradores que buscam decifrá-la como o grande oráculo detentor do tesouro da pedra filosofal que finalmente preencherá o gigante vazio que o ser humano carrega dentro de seu peito. A arte ilude nas formas, nas perspectivas, nas cores e nas luzes e sombras, produzindo uma viagem na lembrança (muitas vezes ancestrais) ou no desejo de experimentar as sensações de imagens ou situações que de fato são inexistentes na obra, as quais são representadas simbolicamente.
  • A sombra temida e afugentadora é na verdade a maior de todas as ilusões. Paradoxalmente, é a filha da Luz, sua genitora. Somente quando sorrateiramente os obstáculos interrompem o seu percurso, como se devorasse parcialmente partículas de lúmen, ela, a Luz, e sua filha, a Sombra, se irmanam parindo o contraste dual destes opostos, gerando a “realidade” visível. O absoluto brilho cândido cega igualmente quanto na profundeza da negrura das trevas. O universo conhecido como “realidade” não passa de enganosos aprisionamentos de jogos lúdicos de luz e sombra. Assim, somente a desilusão pode nos trazer a luz da consciência. Por isso que toda verdade é libertadora e ver a verdade sobre suas próprias sombras “te libertará.” Já é hora, tic-tac.

Nenhum comentário: